E O PÚBLICO EM GERAL
Contracapa:
"A paz também se aprende" consegue provar exatamente isso: que a paz pode ser aprendida. O mérito do livro, reside justamente, no fato de, embora se voltando para as crianças, pode e certamente deve ser lido pelos adultos. Vale porque devolve aos indivíduos a solução de problemas que são de todos, ainda que não desconsidere as diferenças ente os níveis sociais. Porque indica que é um problema comum, ultrapassando as barreiras demográficas de idade, sexo, etc. e as fronteiras ideológicas. E porque mostra que é um problema solúvel, indicando uma sucessão de passos concretos para afastar a guerra e viver em paz.
Por isso, este é um trabalho que deve ser usado pelos que ensinam e por aqueles que aprendem. Como, porém, ninguém responsável é a favor da guerra e contra a paz é leitura obrigatória para qualquer pessoa, professor ou não, estudante ou não."
Jorge Ferreira da Silva
Doutor em Educação
Diretor da Faculdade de Educação da UFRJ
Prefácio à edição brasileira
Há países em que na relação entre guerra e paz, a paz leva vantagem. Mas há outros, como o nosso, em que a guerra — não declarada — está mais presente e facilmente pode ser verificada pelo número de crianças que morrem de fome por dia, pela subnutrição, pela miséria, pela falta de moradia, pela falta de terra para trabalhar, pela falta de empregos, pela falta de saúde, educação, saneamento básico, enfim, pela falta de acesso aos mínimos direitos de vida com qualidade que uma democracia deve oferecer.
Isso me leva a dizer que a paz não é uma doação. Não se chega a ela por instinto humano. Ela é conquistada pela luta. Daí a necessidade de instrumentos de luta para a paz como esse livro. Portanto, ele não pode ser visto como obra de sonhadores, mas de promotores de utopias concretas. Isso exige constante apelo às condições reais de vida onde existe o diálogo entre os diferentes e os iguais, mas também o conflito entre antagónicos. Nas sociedades capitalistas o conflito entre capital e trabalho é o aspecto fundamental que explica a inexistência da paz, Nelas, a guerra é fruto do conflito entre a produção de bens que é socialmente produzida pelos trabalhadores, mas é acumulada privadamente pelo capital. Não se pode pedir aos despossuídos, tão numerosos entre nós, aos oprimidos, aos que não têm opções, que eles aceitem um consenso pacífico em torno de opções comunitárias, quando a comunidade de iguais não existe. Quero dizer que é necessário promover uma educação para a paz, com as técnicas e a filosofia propostas neste livro, mas é preciso recordar a passagem bíblica da relação entre a paz e a espada: para o oprimido, a luta para a paz passa pela justiça social. Isso implica inevitavelmente, o conflito social.
Este livro deve preparar para a paz, para buscarmos juntos novas soluções, uma perspectiva de paz interior e paz familiar. Porém, aceitando sempre a necessária e vital tensão, não somente existente entre pessoas que buscam superar seu inacabamento antropológico, mas, também a tensão resultante de uma situação estrutural de injustiça.
Este livro estimulante é também um apelo para a tolerância e o pluralismo. Mas o homem tolerante e pluralista não é aquele que, por exemplo, compra todos os produtos de um supermercado. Por que há produtos velhos, mofados, inúteis e supérfluos. Existem produtos que podem provocar doenças. O pluralismo é uma filosofia do diálogo. Ser pluralista significa dialogar com todas as posições. Não significa adotar a todas elas, o que não seria pluralismo, mas incoerência lógica e portanto, negação de postura ético-filosófica. Ser pluralista e tolerante e descobrir a beleza da diferença.
Toda forma de educação é política. Educar para a paz é uma proposta política-pedagógica. Uma visão funcionalista e mecanicista da educação recusaria discutir as implicações políticas da ação educativa. Educar para a paz é educar para a autonomia que significa auto-governo. O liberalismo educacional arcaico e autoritário visava a formar os alunos para serem meramente governados. Educar para a autonomia, segundo os princípios democráticos e populares, significa formar os alunos para serem governantes.
Enfim, é preciso entender que a perspectiva de uma harmonia progressiva indo do individual-particul ar para o coletiuo-uniuersal, como pretendia o fundador do taoísmo, Lao Tsé, é praticamente impossível. A paz só se obtém, dialética e contraditoriamente, na busca da justiça. As crianças e adolescentes devem aprender isso antes de se tornarem adultos, mas não aprenderão isso se nas escolas não existir um plano mais preciso de educação para a paz.
Existe outro aspecto para o qual este livro pode contribuir: a paz nas famílias, porque é lá que as crianças aprendem muitos dos valores e práticas que realizam depois. É imperioso que este livro seja lido também pêlos pais e pelas mães. Os exercícios não podem ser apenas para os meninos. Eles devem envolver os pais, devem ser completados por eles, junto com eles. E se os pais forem analfabetos? Não se poderia imaginar outra forma de comunicação como o vídeo ou o cassete? Imbuído de um espírito democrático e com recursos a sua disposição, o educador popular saberá completar este livro.
Felicito os editores pela ideia de traduzir e adaptar esta obra que ajudará a todos nós educadores e educandos a adotar a democracia como valor fundamental para a construção de nosso futuro, deixando para trás a tradição do autoritarismo e da discriminação que tanto marcaram e ainda marcam a sociedade brasileira.
Professor da Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo
Fonte: Espaço Educar, http://espacoeducar%20-liza.blogspot.%20com/2009/%2011/livro-%20paz-tambem-%20se-aprende-%20para.html
Prefácio I
No âmago deste livro está uma idéia simples, mas de amplo alcance. A paz pode ser alcançada através do esforço individual e do compromisso com a não violência. As técnicas de obtenção da paz e resolução de conflitos não são conceitos novos, mas emergem de uma necessidade de solucionar disputas mundiais, institucionais e interpessoais.
Nós sempre fomos levados a imaginar esses recursos como fundamentais para os adultos. A Paz Também se Aprende demonstra a importância de direcionar nossos esforços para uma outra população: as crianças. É na infância que se desperta a percepção do indivíduo que somos, que a nossa visão do mundo toma forma e que aprendemos a nossa maneira de lidar com a frustração e o conflito. É também nesse período que nos imbuímos de ideais. Se, quando crianças, aprendemos a ser pacíficos, confiando na realização de nossos sonhos, quando adultos saberemos empregar nosso tempo contribuindo de forma integral com a sociedade, e não apenas corrigindo hábitos improdutivos.
A pesquisa nos mostra que é grande a influência da família no desenvolvimento psicológico e social da criança. A educação também desempenha um papel preponderante na formação das atitudes da criança. A sala de aula é uma autêntica arena para o engajamento da criança no processo da pacificação. Ao compilar este guia, Naomi Drew utiliza sua experiência como educadora, pesquisadora e mãe. Ela fornece planos de aula concretos e instruções específicas nas técnicas de pacificação, que promovem a auto-estima, o respeito pelos outros e a efetiva comunicação. Ressalta a necessidade de criar um ambiente de aprendizado seguro e estimulante, que permita às crianças expressar seus interesses e chegar a soluções espontâneas e criativas. Através da compreensão, flexibilidade e negociação, a criança aprende a resolver os problemas de forma positiva e sem violência.
Porém, o real desafio que se apresenta aos educadores, e a nós todos, é fazer ou ser aquilo que se ensina. O exemplo que nós produzimos, diante da criança, fala mais alto do que as palavras sobre o que nós realmente sentimos e pensamos.
Quando a criança começar a compreender e a assimilar as técnicas de pacificação, terá chegado o momento apropriado para ampliar essas aulas no sentido de abordar temas de âmbito mundial. A criança terá a oportunidade de explorar as similaridades e diferenças quanto a costumes, atitudes e políticas de outras nações e a visualizar um mundo em paz. Através da clareza em relação ao nosso objetivo e da perseverança em nosso compromisso pela obtenção da paz, é possível afastarmos o desencanto que está ligado à crença de que a violência e a guerra são inevitáveis. No momento em que começarmos a difundir informações sobre propostas inovadoras e pacíficas para a resolução de conflitos e a compartilhar os nossos conhecimentos, esse grande anseio pela paz mundial será realidade.
A Paz Também se Aprende é uma parte integrante desse processo.
YOGESH K. GANDHI, Fundador Fundação Internacional do Memorial de Gandhi
Fonte: Golfinho - O portal da PNL no Brasil, http://www.golfinho%20.com.br/livros/%20liv279.asp
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Observações:
O site "Espaço Educar", disponibiliza cópias do livro no formato Word e PDF, para baixar: http://espacoeducar-liza.blogspot.com/2009/11/livro-paz-tambem-se-aprende-para.html
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